Gustav Breidenstei estava em pé defronte à grande janela de
seu escritório. Lá de cima ele via praticamente toda Berlim. Ele sabia que,
mesmo atravessando um período de incomum paz, vários seres estavam lá embaixo
querendo a sua destruição e o seu domínio. Essa calmaria não passava de um
breve tempo enquanto eles recarregavam as armas...
Ele esperara quase um mês para que tudo estivesse certo. Não
poderia por em risco um carregamento de armas deste tamanho. Não poderia
simplesmente perder essa batalha que provavelmente culminaria na derrota da
guerra. Tudo tinha que sair como planejado.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, um container era
descarregado de um trem. Seu conteúdo, caixas e mais caixas de armamento
provenientes de Israel iam rapidamente enchendo dois caminhões Volvo 5 eixos. A
carroceria dos gigantes estampava um logotipo amarelo em um fundo púrpura escrito...
- Golden Bear! Então é isso mesmo! – Exclamou uma figura
excêntrica debruçada em um laptop enquanto checava imagens de uma câmera de
segurança cheia de chuvisco.
- Tem certeza disso, nerdão? – perguntou Axel Von Anders
enquanto levantava do sofá ajeitando seu pescoço como quem levanta de uma longa
viagem de ônibus. O cenário era puro caos. Um apartamento depredado, com uma
lâmpada pendurada no teto e mobília aos pedaços.
- Synner-G nunca falha meu camarada... Só tem um problema...
- E qual é? – Disse uma voz vinda do outro quarto do
apartamento.
- Temos só 2 horas pra estragar a festinha deles! – Gritou
Synner-G com os olhos virados pra cima como se já esperasse pela bronca, porém
com as mãos ainda digitando seu laptop.
- Mas que merda! Disse Talley, entrando no cômodo onde os
outros dois vampiros estavam. Ajeitava seu paletó ignorando seus lábios ainda um
pouco sujos de sangue.
- Calma chefia, dá tempo sim. Eu já sei toda a rota dos
caminhões que vão transportar as belezinhas.
- Então vamos. Não temos tempo pra jogar fora. Axel, onde
está o Frank?
- Tá lá na Van já.
- Pera aí! Synner-G já havia se levantado e estava com as
mãos apoiadas no batente da porta do quarto com a cabeça pra frente como quem
quer enxergar melhor. – Vocês não deixaram quase nada pra mim!
No quarto, duas mulheres seminuas estavam em cima da cama.
Talley olhou no relógio da parede e disse:
- Você tem 2 minutos.
- Isso é mais do que o suficiente. – Disse o Gangrel
enquanto avançava para cima das moças.
Enquanto isso, dois caminhões iam rapidamente pelas ruas de
Berlim com uma escolta de dois carros, um na frente e um atrás, e duas motos
nas laterais. A madrugada era propícia para esse tipo de manobra e toda a
polícia da cidade estava “no bolso” do príncipe Gustav. O plano tinha que dar
certo.
Dentro da van, Synner-G continuava enfiado em seu laptop.
Frank Litzpar na direção e Axel no carona não diziam nada. Porém Talley parecia
ainda séptico com toda a situação.
- Então, por que diabos você tem certeza que esses caminhões
estão levando o carregamento de armas de Gustav?
- Talley, você está me subestimando. Desde que eu venho
monitorando a atividade de Gustav pela internet esse nome aparece em vários
e-mails e acessos dele. Acabei de ver dois caminhões serem carregados no
terminal rodoviário com o nome escrito.
- Golden Bear?
- Isso, sem contar a coincidência “sombrinha”...
- Coincidência?
- As iniciais... G e B. São as mesmas do nome de Gustav. –
Disse o nosferatu enquanto guiava a van de maneira rápida e mais segura
possível.
- Bingo! Disse Synner-G sem tirar os olhos da tela.
- E como você pretende quebras as pernas dele Syn? Esses
caminhões devem estar mais protegidos do que a sua virgindade. – Disse Axel enquanto olhava rindo para Frank ao seu lado. Frank por sua vez se conteve ao
máximo e exibiu apenas meia dúzia de seus dentes deformados enquanto olhava
pelo retrovisor.
- Muito engraçado Mr. Depilado. Quando eu falei que sabia o
trajeto que eles iriam tomar, não era para aborda-los. Claro que um confronto
aberto contra caminhões escoltados seria um tiro no pé. Mas avaliando o caminho
deles eu sei perfeitamente quanto tempo temos para invadirmos o depósito da
Golden Bear.
- Vamos ficar lá dentro esperando eles entrarem e quando
saírem nós pegamos tudo e saímos fora?
- Exato chefinho! Muito bom mesmo! Não é a toa que o chamam
de o sabujo! – Synner-G fazia questão de não esconder nem um pouco seu
sarcasmo.
- Hmm... o plano é imbecil e suicida demais para eles
acreditarem que faremos algo assim. Acho que pode dar certo... E você tem a
planta do lugar? Sabe direitinho o que temos que fazer e por onde entrar e....
- Calma, calma Talley. Está tudo aqui no meu amiguinho. O
Frank está nos levando para a rua de trás do galpão. Já tenho acesso ao sistema
de segurança deles. Uma pequena “pane” será o suficiente para que possamos
entrar e nos esconder.
Talley sabia que o plano era bom. Gustav não gostava de
trabalhar com ghouls e a maioria dos seus capangas eram meros humanos
trabalhando para um figurão qualquer. Talley também sabia que aquele feito o
alçaria nos rankings do sabbat, pois seria de fundamental importância minar as
forças do atual príncipe. Hartmut Stover, que buscava o arcebispado de Berlim,
confiara a ele essa missão e em troca receberia um belo quinhão da cidade onde
nascera, se tornando oficialmente seu Templar.
CONTINUA...