Sentado agora em sua mesa, Gustav Breidenstei dava as últimas
coordenadas para alguém no telefone. Desligou o aparelho e girou a cadeira
novamente para a janela. Ficou assim por alguns segundos e depois se levantou,
abrindo seu paletó.
Deu alguns passos para a parede esquerda de seu escritório,
onde ele guardava em molduras magníficas alguns recortes de jornal. Porém um
deles chamava mais sua atenção. “Berlin Wall Tumbles”. Era a manchete do London
Herald de 11 de novembro de 1989. Deslizando o dedo pelo vidro protetor, o
príncipe Ventrue lembrou de como a cidade que ele tanto amava fora dividida e
de como ele sofreu ao se ver obrigado a ceder parte de seu poder.
- Reconquistei o comando de Berlim integralmente. E assim o
será por um bom tempo ainda...
Após deixarem a van no meio de um terreno baldio, o grupo
sabbat se dirigiu para a parte de traz do galpão. Apenas um click foi
necessário para que as câmeras de segurança iniciassem uma transmissão falsa,
um loop que proporcionaria ao grupo acesso livre até ao duto de ventilação. Sem
se preocupar com os alarmes já desativados, todos entraram sorrateiramente pelo
duto e aguardaram numa sala de máquinas do sistema de ventilação. Tudo estava
saindo como planejado.
- Temos ainda 10 minutos para que o carregamento chegue. –
Disse Synner-G.
- Certo, depois disso, nós alcançaremos os caminhões. Frank
e eu em um e Alex e Syn no outro. Não temos tempo para fazer um trabalho
bonito. Todos com suas armas? Tem de ser rápido. Entenderam?
Alex e Frank assentiram e pela primeira vez naquela noite
Talley sentiu uma certa paz. O que poderia dar errado? Já estavam dentro do
galpão e o caminho parecia livre para seu grande feito. Claro que Synner-G
reivindicaria algum crédito, mas isso já passava pela sua cabeça. Hartmut sabia
que o Lasombra era o cérebro da operação e mesmo que compartilhassem o mesmo
clã, o hacker não era o tipo de vampiro que devia galgar postos dentro do
sabbat. O Sabujo seria enfim nomeado Templar.
Pela tela do laptop eles conseguiam ver todas as câmeras do
lugar e com isso o plano foi alinhado por Talley:
- Alex e Frank, vocês vão até a mesa de controle e pegam as
chaves e depois assumem cada caminhão. Eu e Syn damos cabo dos outros 3
seguranças e esperamos entre os caminhões. Vamos lá!
O grupo saiu e Alex disparou pelo galpão já acertando o
guarda das chaves com dois tiros. Frank foi o encarregado de pegar as chaves na
mesa. Enquanto isso Synner-G e Talley metralharam os dois seguranças que faziam
a ronda pela passarela superior, bem acima dos veículos. Restara apenas um
guarda que apertava sem parar o botão de alarme com os olhos arregalados. O
sistema já havia sido neutralizado pelo gangrel e as tentativas eram inúteis.
Taley pôs um fim no sofrimento dele com uma rajada misericordiosa.
- Vamos logo debiloides. Com esse barulho todo alguém lá
fora já deve ter escutado. Vamos sair logo daqui com essas belezinhas. – Disse o
Lasombra enquanto caminhava rapidamente para um dos caminhões.
- Alex, vamos pegar a rua sentido norte e depois entramos na
Autoban, ok?
- Beleza Frank, vai na frente que eu te sigo.
Synner-G ficou próximo á alavanca de abertura do portão.
Assim que os motores roncaram ele acionou o e se dirigiu para dentro de uma das
cabines. Frank fez seu caminhão sair do galpão com uma ré rápida, manobrou e
disparou pela rua. Foi seguido pelo caminhão de Alex que repetira exatamente as
manobras do nosferatu.
Pouco antes da
Autoban, Talley fez um sinal para Frank encostar o caminhão. Antes mesmo
dele parar o Lasombra desceu e foi correndo para a porta de carga. Quebrou os
cadeados com um soco potencializado e pulou para dentro da carroceria. Fechando
a porta deu duas pancadas na lateral metálica. Era o sinal que Frank esperava
para disparar com o caminhão novamente.
Enquanto os dois caminhões roubados seguiam pela Autoban,
Talley respirou fundo e contemplou todas as caixas de madeira. Todas elas eram
pintadas de um verde escuro, indicando uma proveniência militar. Outro soco fez
o cadeado de uma das caixas se romper. Ligou uma pequena lanterna e a segurou
entre os dentes. Queria apenas conferir o material antes de deixa-lo no local
combinado.
Ao levantar a tampa seus olhos se arregalaram. Alguns
segundo depois sua boca também se abriu e a lanterna caiu dentro da caixa,
iluminando uma carga que não era exatamente o que Talley esperava.
Enquanto isso, do outro lado de Berlin, dois caminhões e uma
escola de dois carros e duas motos chegavam em seu destino. Na carroceria
víamos o logotipo amarelo Dunkel Nacht com uma lua minguante acima, em um fundo
roxo quase negro.
Assim que o comboio entrou no galpão em segurança, o celular
de Gustav recebeu uma mensagem: “Lua Cheia”. Mais um código que trouxe um
sorriso ao rosto do príncipe Ventrue. Logo após o sorriso veio uma gargalhada
alta e um alivio sem igual.
Mal podia acreditar que sua contra-espionagem e as iscas que
havia plantado haviam surtido o efeito esperado. Ultimamente vinha imaginando
se não havia feito as coisas muito óbvias, a empresa falsa, a rede de segurança
com falhas grotescas e um carregamento importante tão desprotegido. Mas
aparentemente seus inimigos eram bem ingênuos. Sentia apenas o pesar de não
poder ver a cara de seus algozes ao perceberem que sua pilhagem, resultara
apenas em caixas e mais caixas de..
Obrigado por acompanhar essa crônica galera. E aí, pra você,
o que tinha nas caixas do carregamento falso do Gustav? E porque? Por que aqui,
no final, VOCÊ DECIDE! Rsrs...